segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

ROMANCE NO CINEMA OU CRÔNICA DO AMOR PERDIDO


Meninas e meninos, respondam rápido: quem não gosta de uma boa história de amor? Quem assume que gosta ou pelo menos uma vez na vida já apreciou algum romance no cinema ou na literatura vai se identificar com o assunto. Quem respondeu que não, talvez possa mudar de opinião aqui mesmo, para que garantir o futuro da Humanidade!!! Eu sou fã do gênero, sem preconceitos, e vejo sempre que posso. Claro, tento escolher as histórias mais inteligentes ou ousadas, só de vez em quando encaro uma dessas comédias desconcertantes que Hollywood adora e me divirto com o ridículo mesmo.

Então, quero falar agora de dois filmes em particular, que acabo de assistir e que valem à pena o comentário e uma comparação inevitável. O primeiro é uma comediazinha despretensiosa, mas charmosa, que tem a presença simpática de Nia Vardalos - aquela do Casamento Grego. O mocinho é um gato que toda mãe queria como genro, John Corbett - que fez o Aidan em Sex and the City. Lembraram?? Aquele bom moço dispensado por Carry Bradshaw no seriado... Situados??? Então, o filme é "Eu odeio dia dos Namorados", pelo título a gente já pensa: "até parece!!!" E é isso mesmo. O enredo é simplérrimo, mas tem um humor discontraído e leve. A mocinha, que faz todo mundo feliz, tem regras estabelecidas sobre os encontros amorosos, bastam cinco para dispensar o cara, nada de esperar ligação no dia seguinte, frio na barriga, pânico do sábado à noite. Legal, né? Mentira. Depois que ela conhece o bonitão que eu acabei de citar, tudo se complica e ela descobre que está apaixonada. Claro que não vou entregar o final, quem quiser corre para a locadora porque é legal.

O segundo filme é bem melhor, mais denso e sensível. Claro que temos que perdoar Nia Vardalos, porque comédia é sempre mais difícil do que drama, ainda mais quando temos uma senhora dupla de atores em ação. Estamos falando de Dustin Hoffman e Emma Thompson, em "Tinha que ser você". Esse é um daqueles filmes que pensamos de início, o que será que esses dois estão fazendo nessa história simples, cotidiana, sobre a solidão e a maturidade? É exatamente isso que trata o enredo, muito bem escrito e com performances adoráveis. Pela primeira vez vi Emma sem nenhuma pretensão, atuando com tanta entrega numa personagem corriqueira, introspecta, mas ao mesmo tempo tão humana. E Dustin vivendo um cara que não se encaixa na própria vida, que não é bom nem mau, que poderia ser qualquer cara na faixa dos sessenta - o meu pai, o seu. O diferencial aqui é a verdade dos atores que se derramam na pele de duas pessoas solitárias e um tanto quanto tristes tentando agarrar a última oportunidade da vida no amor. Um belo filme com dois belos atores.

Agora sobre os filmes de romance em geral tenho que admitir que as histórias estão muito reais. Nada de conto de fadas mais. O que é bom porque podemos nos enchergar e nos reconhecer nos personagens, rir de nós mesmos ou chorar... Acho que é terapêutico de certa forma. Demos adeus a Julia Roberts e seu príncipe rico, salvador, de "Uma Linda Mulher" e ao professor de dança bonitão que encantada a mocinha ingênua de "Dirty Dancing" - sucessos dos anos oitenta. Vivemos um novo século, com novas e velhas questões jogadas direto na nossa cara. O velho sonho de encontrar alguém especial e mergulhar no amor ainda existe. Uffa! Mas com ele vem o pesadelo do medo da rejeição, do sofrimento, do desencontro, da frustração, da separação. Essa é a tônica da maioria das histórias de amor modernas e se fizermos uma autoanálise (lá vem aquela chata...) veremos que todos nós já vivemos uma ou duas ou trezentas desilusões amorosas. E dá um certo desânimo toda vez que recomeçamos o movimento de conhecer alguém, se apaixonar e tentar descobrir se o romance engata ou não. Mas, assim como nos bons filmes de amor, na vida real, em algum lugar da nossa alma, optamos pelo mergulho no escuro. E saltamos de novo para o amor.

Então, queridos leitores. Em 2010, vamos fazer um brinde ao mais velho e maravilhoso sentimento da vida. Ao amor!!! Que ele aconteça na ficção e na vida real.







quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL EM 2010!





Queridos leitores,



Natal é o momento do ano em que lembramos e reverenciamos o nascimento do Filho de Deus, que veio ao mundo com a missão de redimir os pecados humanos. Mas, na verdade, reverenciamos a Deus, que está presente em todas as coisas, mas anda meio esquecido no corre corre da vida.



Nesta época, nos lembramos da compaixão, da solidariedade, da gratidão, do amor altruísta. Enfim, nos lembramos da partícula Divina que habita todos os seres do Planeta.




Deus está em tudo: no amanhecer, no som dos pássaros em revoada, na beleza refrescante das flores, no trovão, na tempestade, no choro da criança, no sorriso, na lágrima, no sucesso, na queda, no dia, na noite, no canto das cigarras, na palavra de paz, no gesto carinhoso, no toque, na cor...




E se Deus está em tudo, não deveríamos nos lembrar Dele o ano todo, a todo momento? Não deveríamos nos lembrar Dele quando algo dá "errado" e agradecer o que há por traz disso, o aprimoramento, ao invés de automaticamente reclamar?



Quanto mais os anos passam, descubro que a beleza da vida está em reconhecer o amor Divino em todos os momentos. E se retrubuírmos esse amor fazendo o nosso semelhante feliz, pronto, estaremos sendo Divinos também.



Então, desejo a todos vocês, que vivam o Natal intensamente todos os dias de 2010. Tenho certeza de que a felicidade resulta desta experiência de re-nascimento como seres humanos-divinos.


Para as mulheres não poderia faltar a dica afrodisíaca de fim de ano : façam seus parceiros felizes. Sejam doces, escutem com o coração cada palavra, entrem em contato com o seu feminino, surpreendam com um gesto de amor inesperado, de preferência não comprado na loja, mas um presente especial, íntimo, cúmplice. Pode ser uma palavra, um cartão, uma comida, uma dança... E para quem ainda não encontrou o seu par, espere, tudo tem o tempo certo. Não saia por aí se divertindo com os "errados" porque isso vai te distanciar do "certo". Concentre-se no que você quer, diga bem forte ao universo, que você é merece ser feliz, abra-se, quem sabe no reveillón?



Obrigada por prestigiarem esse trabalho. Desejo que 2010 seja iluminado de ideias, rico de palavras de incentivo, cheio de realizações criativas, transbordante de amor e que esse sentimento sensibilize a Humanidade.




Diários de Afrodites - o livro vem aí. Aguardem!!! Beijos.

sábado, 28 de novembro de 2009

RETRO 2009 - SHOWS





















Fim de ano. Começo de revisão. O que realizamos, o que deixamos de realizar. O que temos, obrigatoriamente, que deixar para o próximo ano. As boas decisões. Os aprendizados. Também as repetições!!! Bem, tudo muito profundo e complexo, né? Deixamos essa parte para os terapeutas, astrólogos e tarólogos. Até porque muita gente ansiosa quer saber, no papel, onde a vida emperra e onde ainda dá tempo de mudar. Acho tudo muito válido, mas vamos deixar para outro momento.

Todo jornalista adora uma retrospectiva. No trabalho, eu confesso que não tenho muito estímulo para olhar para trás, isso porque o jornalismo está muito apegado aos problemas. Desculpem, meus colegas, mas jornalista virou policial, investigador, juiz, professor. Tem, ou pensa que tem, conhecimento adquirido para analisar as mazelas da vida. E tudo isso, agora sem diploma! Eu prefiro olhar para o que de bom passou, ou como num bolero, olhar para as chegadas e partidas da vida em contemplação, sem desespero, dançando...


Justiça seja feita, esse ano também tive a oportunidade de apreciar- e muito graças ao meu trabalho como jornalista - vários espetáculos musicais, de variados gêneros e ritmos. A qualidade da música brasileira é algo assim que não dá para mensurar com palavras, basta comprar um CD, DVD ou ir a um show de nossos artistas mais consagrados, que todos vão entender o que estou falando. Eu adoro show, depois, como num ritual de fidelidade, geralmente compro o CD do artista para ficar com aquela melodia boa por muito tempo, até decorar as músicas e cansar os vizinhos...

Vamos à retrospectiva. Vou começar pelo primeiro do ano, Maria Rita. Admito que no início tinha um pouco de cisma com ela, por ser a cópia da mãe e pelo repertório meio down, dor de cotovelo, e mais uma vez, muito parecido com o de sua mãe. Mesmo assim, comprei seus dois discos e o segundo, de samba, é muito melhor do que o primeiro, então quando ela deu pinta na Tijuca, resolvi conferir pessoalmente. Minha primeira impressão foi por terra. Ela é uma artista esforçada, além da voz abençoada por Deus e a genética, sua presença de palco é adorável - não para de dançar um segundo - e generosa com o público, confessou "estava precisando de um show animado assim". Freud explica!

O segundo show foi uma daquelas repetições que a gente não se cansa. Lulu Santos, também aqui na Tijuca. Fico impressionada com Lulu, para mim ele é a nossa Madonna, consegue se renovar a cada show, continua com pique total com mais de sessenta, tem aquela voz doce e forte e tem um tesão de palco incrível. Nota 1000 sempre, em qualquer lugar e época do ano.

Depois veio uma grata surpresa: Vanessa da Mata. Eu não tinha CD, só conhecia suas músicas do rádio e das novelas, achava bom, mas não pudia imaginar que estava diante de uma senhora cantora e compositora. Aquele jeitinho brejeiro, meigo e aquela voz suavemente rouca no palco se unem a um vigor, uma força incrível, e eu tiro o chapéu para essa matogrossense. Suas letras são realmente contemporâneas e com uma dose inteligente de humor: "quando um homem tem uma mangueira no quintal, ele não é goiaba, deixe ele te mostrar, bom dia, boa tarde, no seu pomar..." Muito bom. Ela também faz letras de conscientização ambiental, tudo sem clichês ou tendência mercadológica. Comprei o CD e recomendo.


Outro repeteco do ano, e esse também não dá pra deixar passar, foi o grande encontro pela metade: Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. Mas o 'pela metade' não quer dizer que a qualidade seja pior, acho até que diante desses dois, Zé Ramalho e Alceu Valença ficam demais. Elba é irradiante, madura, linda, exuberante, fica tão à vontade no palco que dá vontade de subir e dar um abraço, tirar fotos e dizer: "como eu te admiro, mulher!". O elogio seria para a artista e a mulher. Já viram o namorado dela? Sem comentários. Geraldinho é fofo e tem músicas tão lindas, me lembram meus tempos de Minas e me fazem chorar (como num bolero). Adoro Dia Branco, sei lá porque, acho que tem a ver com meus antepassados.

Os dois melhores deixei por último. Não consigo saber qual é melhor, mas vale a competição. Se alguém quiser me dá uma mão. Paulinho da Viola e Ney Matogrosso. Duro não? Paulinho da Viola é completo. Caetano e Chico que me perdoem, mas Paulinho tem tudo como artista: letras bonitas, românticas, melodias harmoniosas, atemporalidade, sensibilidade, e por aí vai. Mas mais do que isso, no fim do show o que se comenta não é o seu repertório belíssimo. Eu tenho seu último CD ao vivo que é primoroso. Mas o que se comenta é a sua generosidade e simplicidade. Um ser humano exemplar aliado à arte, dá Paulinho da Viola, inesquecível.
Ney Matogrosso é o homem mais sexy do planeta, pelo menos no palco. Seu show vale mais pela performance do que o repertório. Não que suas músicas sejam ruins, são ótimas, mas diante da presença do artista, elas ficam em segundo plano. Ney rebola, todo mundo sabe disso, mas ele não rebola de qualquer jeito, ele rebola te seduzindo... É incrível, ele deixa homens e mulheres agitados nas cadeiras!!! E sua roupa de paetês prateadas, em um determinado ponto do show, dão lugar a um espontâneo nu artísitico - ou quase isso - quando Ney tira tudo e fica só de tanguinha fio dental. Seu peitoral e sua atitude mostram que sensualidade está na autoestima, e não nos aparelhos das academias. Nenhum marombado supera Ney no questio 'de bem com o seu corpo e de bem com a vida'. Adorei.
Bem, esses foram os shows possíveis. Em 2010, quero ver os artistas que perdi neste ano. Para citar alguns: Maria Bethânia, Seu Jorge, Ivete Sangalo, Erasmo Carlos, quem sabe realizar o sonho de ver Chico Buarque... Aposto que serão muitas emoções, com ou sem Roberto.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ENTRE A CRUZ E A ERVA



Carla estava atrasada para outra noitada no meio da semana. Seu dia tinha sido uma loucura, telefones tocando, bolsa de valores caindo, dólar subindo e sua vida amorosa um turbilhão de beijos e despedidas. Ela queria mais. Naquela noite, estava disposta a tudo, absolutamente tudo, para conseguir um segundo encontro e ir além das promessas feitas no dia anterior, sempre regadas a cerveja e cigarro. No alto de seus vinte e nove anos, um relacionamento sério era questão de vida ou morte, estava cansada da vida de solteira, da liberdade desenfreada e falando claramente, para se ter bom sexo era preciso intimidade e isso ela não conseguiria em uma única noite. A questão: falta de sexo era urgente.
- Quem disse que mulher também não sobe pelas paredes?
Ela falava sempre e enrubescia as amigas mais tímidas. Então, naquela quarta-feira, ela abriu o armário e lá estavam eles, os vestidos provocantes, olhando para ela e convidando sua dona para usá-las, ousá-las e arrasar. Decidiu pelo pretinho de cetim, frente única, curtíssimo, bem sexy. Não deu tempo para fazer escova nos longos cabelos pretos, mas sem escolhas, optou pelo look desarrumado, bem dentro da moda e extremamente sensual. Era a própria imagem da Afrodite moderna, a deusa do sexo, da paixão, da completa realização amorosa, mas nisso a deusa grega era muito mais feliz. A maquiagem realçava os olhos negros e os cílios grandes, na boca só brilho, estava linda, seria fatal. Mas queria encontrar aquilo que estava justamente em baixa na temporada de caça: amor.
- Acho que os gregos erraram quando colocaram amor e sexo numa única deusa.
(...)
PERGUNTA DA SEMANA
Meus queridos leitores, resolvi compartilhar apenas um pedacinho do conto que é longo, para não cansar ninguém e também deixar uma curiosidade boa, que terminará com a publicação do livro. Assim que souber a data divido com vocês com muita alegria.
Então deixo umas perguntas para uma reflexão ou um worshop, se alguém quiser experimentar para responder. Vamos lá:
Sexo e amor são coisas diferentes? Como é a sensação que fica depois de fazer sexo com alguém que não amamos?
Como é a sensação de fazer sexo com alguém que nos entregamos de corpo e alma?
Será que estamos nos enganando, procurando sexo para substituir o amor ?
Quem puder responda, vamos todos aprender um pouquinho.
Beijos no coração.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A doce Primavera e as flores que não desabrocharam


Ahh a Primavera! A estação mais bela, mais perfumada, mais colorida do ano chegou e com ela lembranças muito fortes e um tanto quanto doidas relacionadas às flores. Quero deixar bem claro que adoro flores, dar e receber. Mas em se tratando de ganhar flores de homem e a expectativa de um romance, às vezes o desfecho está mais para filme noir do que final de novela.

Romântica que sou desde embriãozinho na barriga de mamy sempre considerei receber flores a mais maravilhosa expressão do amor de um homem. Via nos filmes, livros e folhetins, um buquê de rosas significava que a mocinha estava bem na fita e o cara estava de quatro por ela. Ok, peguei essa informação e guardei na minha pasta da memória especialmente criada para assuntos de romance. Junto com os arranjos de flores estavam os cartões, cartas, presentinhos fofos, ursinhos de pelúcia e almofadinhas de coração. Mas confesso que de toda essa lista, as flores estavam no topo da preferência. Cresci e fui arranjando as minhas confusões amorosas. Quando tinha uns 20 e poucos comecei a namorar um cara muito lindinho, com cara de intelectual, mas todo mundo achava que fosse gay. Uma grande amiga, que era amiga dele e que me apresentou o cara, me alertava: "ele só anda com mulher e nunca teve uma namorada... E o pior, tem um melhor amigo inseparável." Guardei a informação, mas resolvi apurar pessoalmente. Olha, tinha toda a chance, porque perto dele eu me sentia como se estivesse com uma grande amiga de infância, sabe... Falávamos de tudo, me sentia super à vontade, mas na hora do beijo... A coisa não rolava legal. Mas o cara se apaixonou por mim, olha o disperdício, fazer o quê? E eu fui levando, só pelo romantismo mesmo. E não é que no dia dos namorados, a surpresa. Recebi o primeiro buquê de rosas vermelhas da minha vida. Era lindo, mas não me causava aquela emoção da novela. Resultado, acabei terminando o namoro e parti o coração do menino. Ele chorava copiosamente e eu nem tinha como explicar o porquê.

Outra situação para lá de embaraçosa foi quando resolvi pesquisar namorado na internet. A vida estava tão sem graça, nenhum cara bacana na vida real, fui me enveredar pela virtual. E conheci um cara de meia idade, que não era bonito, mas muito gentil e simpático e naquele sábado à noite sem ter o que fazer, resolvi marcar um cineminha. Chegando lá, de longe, avistei o pretendente. Nossa, que decepção! O cara não tinha nada a ver comigo, podia ser um amigo do meu pai e eu não tive a menor vontade de me aproximar. Cheguei em casa e deixei um recado no celular dele dizendo que não pude ir ao encontro porque tinha passado mal (ô mentirinha esfarrapada). O homem ficou me ligando durante um tempo e eu dava todo o tipo de desculpa possível. Até que pedi para ele não me ligar mais porque ainda gostava do meu ex. Ele não se convenceu, achou que ia me conquistar de qualquer maneira e durante a semana seguinte, que era o meu aniversário, ele mandou cinco buquês de rosas, um para cada dia da semana, para o meu trabalho. Que loucura! Aquelas flores maravilhosas, tanto empenho e no meu rosto só arrependimento... Pensei: nunca mais entro na internet e nunca mais conto uma mentirinha social.

Mais recentemente descobri que fazer arranjos florais é um barato! Deixa a vida mais harmonizada, eu troco energia com elas e me sinto mais feliz. A casa fica linda e todo mundo gosta de receber uma florzinha, ainda mais quando ela está exuberante num vaso... As flores viraram minhas amigas e sempre que posso dou flores para amigos, parentes e colegas de trabalho. E uma experiência que nunca vou esquecer é quando quis conquistar um cara lindo e resolvi dar flores para ele no dia do seu aniversário. O arranjo causou um impacto... Infelizmente, não rolou nada no sentido amoroso. Mas ficamos amigos, seu rosto se ilumina quando me vê e a família dele me adora.

É, acho que é essa mesma a missão das flores, alegrar a vida, causar bons momentos, nem que sejam apenas para uma recordação. Agora, meus caros leitores, em certos momentos não tem nada igual mesmo... Para mim, as flores mais inesquecíveis que recebi foram do meu ex-marido no dia do nosso casamento. Ele me presenteou pessoalmente enquanto eu, estressada, começava a me arrumar e me lembro com muito carinho de como aquele gesto me fez feliz.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Afrodite em ação: o glamour e as galinhas









Fim de férias. De volta ao batente. Desânimo? Saudade? Retorno da condicional para a prisão? Acho que voltar a trabalhar é tudo isso um pouco. Rever os amigos e colocar as fofocas em dia me faz sempre fritar na cama de ansiedade um dia antes, me lembra os tempos da volta às aulas. E o primeiro dia é sempre feliz. Mas claro que a rotina aos poucos vai quebrando esse momento mágico e a realidade dá um tapa na nossa cara, tipo ACORDA! Ainda me acostumando às velhas obrigações, uma colega cansada de guerra divagava: "Eu nasci pra ser dondoca. Odeio trabalhar... Poderia passar o resto da minha vida num spa tratando da minha pele, acordando as minhas celulazinhas!"

Eu não nasci pra ser dondoca, não... Infelizmente. Gosto mesmo é de uma boa aventura!

Então, vou contar algumas histórias da minha jornada rumo aos holofotes da imprensa! Desde afroditezinha queria ser famosa, de microfone e câmera em ação, desejava viajar mundo à fora cobrindo explosões, guerras, conflitos, economia e muita política internacional. O clone da Ana Paula Padrão. Mas depois desci das nuvens e para a minha surpresa, descobri que a vida real é bem mais emocionante. Curiosa que só e caxias de doer, fui repórter desde a faculdade. Repórter mesmo, atrás dos furos para os meus trabalhos de sala, de personalidades marcantes ou simplesmente "figuras" de se tirar o chapéu (a minha parte favorita), como os hippies evangélicos e a comunidade cigana que eu e meu grupo descobrimos no interior de Minas.



Ainda na faculdade, ganhei prêmio com uma matéria de rádio hilária sobre o mundo da tietagem e essa fase foi muito gostosa! Fui a tudo quanto é show brega para acompanhar as doidas varridas... Nos fans clubes eu descobri como uma mulher pode ser desequilibrada quando está perto do seu ídolo. Coitado!!! Tem fã clube até de jogador de vôlei, acredita? Fomos também investigar tudo sobre o mercado de sexo. Isso na tradicional sociedade mineira. As pessoas me perguntavam, assim como quem não quer nada: "você entrevistou os casais durante o vuco vuco?". É mole?? E eu tentando ser uma jornalista de respeito... Claro que não, mas queríamos falar com os usuários de drive ins, motéis, cabines eróticas, então fizemos um brilhante questionário onde os casais respondiam depois, relaxados e anonimamente... Lembro que foi como repórter que entrei pela primeira vez numa sex shop. Aqueles perus enormes olhando para mim, os brinquedos de formas variadas e eu só podia perguntar para o dono qual a média de vendas da loja por mês...

Nessa profissão tem de tudo. Só não tem rotina. Tem buraco de rua. Atropelamento. Tiroteio. Cachorro que só falta falar... No mercado de trabalho foram muitas emoções ao pegar o microfone! Me lembro de quando entrei num presídio - Bangu 6, se não me engano - em rebelião. Aquele bando de homem mascarado em cima do teto com pequenos instrumentos de trabalho: paus, estoques, cacos de vidro e eu ali - um misto de pânico de virar personagem de filme nacional e uma vontade louca de olhar no olho do bandido, só para tentar entender a psicologia, o porquê de tanta agressividade. Mas o medo dominou a situação e só consegui ouvir que eles queriam mais dignidade paras as visitas íntimas. Ok, achei justo. Pelo sim, pelo não, na hora de gravar a passagem (aquela parte da matéria em que o repórter aparece no vídeo) eu engatei uma quinta e falei tão depressa, mas tão depressa que por milagre acabei não errando nada.


Vivi também uns momentozinhos de glamour... E mico também! Explico. Lançamento da novela global, "Laços de família". Elenco estrelar reunido e eu de vestido longo e gravador em punho. Caneta Bic e bloquinho para anotar o que faltava. Fazer o quê? Estava trabalhando para um caderno de notícias de televisão. A missão: falar do trabalho e amaciar bem os egos dos artistas. Nada de fofoca. Resultado: nunca fui tão bem tratada na minha vida. Entrevistei Vera Fischer gloriosa. Victor Fasano, irradiante, que quase me deu uma cantada. Reinaldo Gianechinni sorria mais que comercial de pasta de dentes no seu primeiro papel em novela e Gabi me chamou de coleguinha. Era a glória e o cúmulo da futilidade ao mesmo tempo!
Na linha glamour também teve o Fashion Rio. Para quem não sabe, cobrir esse evento é uma maratona porque ele é montado para a imprensa especializada e as outras emissoras de tevê ficam correndo pelas beiradas para tentar achar uma brechinha. Fui com a produtora mais antenada e fashion da redação tentar fazer os bastidores. Ela sabe tudo de moda. Foi a minha salvação. Eu no máximo, sei combinar a cor da blusa com a saia e me encher de balangandans. Não saio de casa para acontecer. Mas admiro quem saia e Raphaella arrasa. Graças a ela nós conseguimos entrar no back ("stage" é para os amadores) e fazer "beleza" com as meninas. Isso eu também aprendi lá. Fazer beleza não significa fazer algo bem feito, mas entrevistar as modelos enquanto elas se arrumam. Ah roupa, figurino, é estilo, ok? Calças largas são amplas e aqueles modelos sem corte definido, são desestruturados. Combinado?
Mas nem tudo são flores nessa profissão... Ano passado, nas minhas férias, eu estava crente que ia para Machu Pichu, fazer um retiro espiritual ou simplesmente me bronzear em alguma praia bem longe... Eis que surge uma proposta irrecusável! Fazer um documentário sobre Alimentação Natural. Caramba, sempre quis fazer um documentário e o assunto é show... Mas teria que me embrenhar pelo interior de São Paulo. Ok, conhecer gente diferente, novos ares. Topei. Chegando lá, o verde era gritante e o sol inclemente. Conheci muitas hortas, pomares, desvendei tudo sobre a plantação orgânica e quando me deparei com a granja achei as colegas tão limpinhas que resolvi entrar no galinheiro para fazer uma passagem "criativa". Coitada... O veterinário me explicou que elas eram comportadas, que seus bicos eram cortados e não machucavam. E eu fui, de bota, calça e jaleco falar sobre elas, ali no seu território. Meu Deus, que sufoco! As bichas ficaram empolgadíssimas comigo e pensaram que a minha perna fosse feita de milho, ou sei lá, se identificaram e saíram me bicando... Era tanta bicada que dessa vez, pior do que no presídio em rebelião, eu me rendi e sai batido sem conseguir terminar uma frase! Bem feito, vai mexer com quem está quieto.
Esse ano teve a FLIP - Festa Literária Internacional de Paraty. Evento chique, cheio de personalidade famosas... Chico Buarque, muitos franceses. Todo mundo achou o máximo e eu também. Mas cá pra nós? Foram 12 horas de ralação durante todos os cinco dias, isso andando de um lado para o outro nas ruas de pé de moleque, e pior, feito gato e rato com a minha outra colega repórter que me acompanhava. E vou contar um episódio hilário. Carmen que me perdoe, mas eu preciso. Ela estava a dez minutos de entrar ao vivo e eu fazia a produção dessa entrevista. No horário e local combinado, cadê a mulher??? Sumiu. Celular não atendia. Redação me ligando. Tudo pronto. Saí a cata de Carmen por Paraty. Do outro lado da cidade, uma repórter enlouquecida invadia o auditório do evento atrás da moça que seria entrevistada. Mas esta, pobre coitada, estava falando ao telefone com uma fulana que se chamava Paula. Advinhem o que Carmen aprontou? Pegou o aparelho da mão da pessoa e aos berros me perguntava onde é que eu tinha me enfiado. A mulher não entendeu nada... Carmen voltou ao local resignada, conseguiu entrar ao vivo e eu não pronunciei uma palavra, de tanta adrenalina. Passado o susto e descarregada a pilha de nervos, demos uma boa e merecida gargalhada e ficamos amigas de infãncia.
Este trabalho é assim... Passamos sufoco mas nos divertimos. E fazemos muitos amigos ao longo do caminho. Por isso, afirmo que sou uma privilegiada. Amo a minha profissão. E sempre estou pronta para outra roubada!



segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Qual será a nossa herança?



Minha Herança: Uma flor

Vanessa da Mata

Achei você no meu jardim, entristecido

coração partido,

bichinho arredio.

Peguei você pra mim

como a um bandido,

cheio de vícios

e fiz assim, fiz assim.

Reguei com tanta paciência.

Podei as dores, as mágoas, doenças

que nem as folhas secas vão embora

eu trabalhei.

Fiz tudo, todo o meu destino

eu dividi, ensinei de pouquinho

gostar de si, ter esperança e persistência, sempre.

A minha herança pra você, é uma flor

um sino, uma canção, um sonho

nenhuma arma, ou uma pedra eu deixarei.

A minha herança pra você

é o amor capaz de fazê-lo tranquilo, pleno

reconhecendo no mundo, o que há em si.

E hoje nos lembramos, sem nenhuma tristeza

dos foras que a vida nos deu,

ela com certeza estava juntando você e eu.

Achei você no meu jardim...

A letra da música de Vanessa da Mata me fez pensar nas minhas personagens, Afrodites querendo amor e consequentemente em nós mulheres...

Nossa grande artista matogrossense, cheia de inteligência e sensibilidade, além de nos emocionar e orgulhar, nos dá o paninho para a manga de uma reflexão bem pertinente para as questões amorosas femininas. Eu que não sou boba nem nada, trago para este espaço e divido com vocês, meus leitores. Mas desta vez, quem vai pensar são as florzinhas femininas.

Então, está lançada a pergunta: que herança estamos deixando nos nossos relacionamentos afetivos: flores ou armas? Todas nós sabemos na ponta da língua o que queremos dos homens: carinho, compreensão, prazer, compromisso. Mas e o que estamos dando para sermos merecedoras de toda essa felicidade? Essa pergunta é chatinha, né? Desculpem, não queria ser estraga prazeres, mas acho bom fazermos essa reflexão o quanto antes, antes de perdermos mais um namorado, marido ou futuro-pretenso amor...

Nunca vamos receber isso tudo se não nos doarmos para alguém. Não estou dizendo que temos que voltar nos tempos de Amélia - aquela que era mulher de verdade para Mário Lago. Não!!! Mulher de verdade não tem que passar as camisas do marido ou cozinhar, lavar, arrumar, cuidar da casa e dos filhos. Isso é coisa do passado. Mas tem que cuidar do amor, regar como uma plantinha. Como? Como na música de Vanessa, com paciência, esperança, persistência. Temos que entender que o nosso poder vem da doçura, da beleza, do carinho, da escuta, da compreensão, mesmo que seja duro de engolir. É que eles também têm suas mágoas, tristezas, desilusões, cicatrizes, muitas vezes deixadas por outra ou outras mulheres. E se não tivermos sensibilidade para cuidar dessas feridas, quem vai ter?

Você mulher, por acaso, que defende a liberdade, a igualdade de direitos, já se imaginou dando flores para o seu namorado? Já arrancou lágrimas dele de emoção? Já o surpreendeu com um jantarzinho no meio da semana, sem uma ocasião especial? Então, está lançado o desafio. Vamos parar de cobrar amor e dar mais amor? Depois me contem o resultado.

Ah, quem quiser escutar a música de Vanessa tem uma amostra grátis aqui ao lado, mas o CD SIM é inteiro lindo e uma dica para quem gosta de boa música. Beijos no coração.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A chegada de um pacotinho ou A tia babona


Peço licença aos meus queridos leitores para, desta vez, publicar o diário pessoal desta Afrodite que vos escreve. Aqui uma deusa experimentando Deméter, porque tia é um pouco mãe e no meu caso, uma mãe ao mesmo tempo palhaça, cantora, contadora de histórias, muito, mas muito babona.
Foi uma semana ingrata a útima para a chegada das minhas tão sonhadas férias. Viajar para Salvador, me livrar dos meus chefes, me afastar das rotinas domésticas e me retirar da minha pele para planejar um novo ciclo. É, porque férias para mim é como aniversário, Ano Novo, tão aguardado e essencial, quanto banho gelado no verão de 40 graus, e uma renovação mesmo. Mas a viagem a Salvador também tinha um outro propósito: conhecer a mais nova e pequena integrante da familia - claro que uma menina, só para não fugir à saga da familia Sampaio-Schitine - para continuar a linhagem e dar um colorido todo especial às nossas vidas. Depois de tanto tempo, minhas preces foram atendidas e aquele dia 12 de agosto chegou, finalmente. Não estava me aguentado, aliás acho que ninguém, nem meus amigos, nem colegas de trabalho podiam ouvir meus planos de férias: paparicar minha nova sobrinha. Era o início do nascimento da tia-maluca-babona-gaiata, que ainda por cima, será madrinha.
Mas antes vou contar desde o dia 29 de julho até aquele dia tão feliz. Maria Alice nasceu grande, gorda e comprida, minha irmã, coitada, tinha um árduo trabalho pela frente: alimentar uma fome de leoa com a voluntariedade de uma legítima leonina. O resultado: o leite não foi suficiente e tiveram que enfiar goela abaixo a bruxa mamadeira na "bichinha". Avó e mãe de primeira-viagem estavam em pânico e eu cá comigo pensava, todo mundo quer engordar a pobre, mas como seria bom - todas nós sabemos disso - se ela fosse magra e nunca precisasse fazer dieta! Eu dizia por telefone para uma avó descabelada, "deixe de bobagem, ela vai ser a nova Gisele Bündchenn e ninguém vai se importar com os quilinhos a menos quando ela estiver nas passarelas". Mas ninguém me ouviu, parece que criança saudável tem que ser mesmo gordinha. Depois, dá-lhe spinning e esteira na vida de mais uma de nós.
Cheguei na terra da malemolência naquele dia 12 mesmo, não podia esperar mais. E quando pus os olhos naquela coisinha pequenininha, frágil e vermelhinha eu soube que nunca mais a minha vida seria a mesma. Não que minha vida seja ruim, muito pelo contrário, é agitada, bem vivida e bem sonhada. Mil pessoas à minha volta e um milhão para serem conquistadas, mas aquele serzinho, já tinha um espaço garantido no meu coração e na minha alma. Os dias foram passando e eu, que sempre fantasiei a respeito das recém-nascidas mães - como seria a rotina, como deveria ser acordar a noite toda, dormir pouco, não fazer nada além de cuidar daquele pequeno parasita - tive a certeza de que nada disso é ruim, por incrível que pareça. Tá bom, pode ser cansativo, sim e é. Sim, pode ser penoso para quem não tem ajuda de outras pessoas. Mas para mim, ali ao lado de minha irmã e da minha mãe, cada uma revezando a hora de trocar a fralda e dar mamadeira, fazer dormir, era gostosinho e tive a sensação de que nasci para isso... É uma coisa muito interessante, acho que é o instinto mesmo, a preservação da espécie, mas sei que é isso que sinto. Os dias vão passando, a menina engordando e ganhando novas bochechas (eu ainda tenho esperança de que ela vá ser magra como a mãe) e um corpinho tão lindo, fofo mesmo de tanto leite. No banho, chora como se estivesse num matadouro. Na hora de ir ao "banheiro", a pobre fica tão vermelha que parece que vai explodir. Choro forte mesmo só quando está com fome, e que fome tem, meu Deus!!! Aos poucos vai ganhando apelidos carinhosos... Pucu (abreviação de Picurrucha) é o apelido esquisito da mãe. Eu prefiro o "pacotinho", porque é isso mesmo que ela vira quando enrolo numa toalha grande depois do banho. Nessa hora, eu me lembro de quando era pequena, ADORAVA ver os adultos trocando as roupinhas dos nenéns e eu repetia o ato com as minhas bonecas. Hoje escolho as roupinhas para uma boneca viva, e bem viva... No pé não se pode mexer (tem cócegas e eu aprendi que isso era coisa de adulto) e as mãozinhas se mexem freneticamente como se ainda não tivessem a noção para que servem.
Mas a melhor parte de ser tia é a liberdade que se tem de poder dar amor, quanto quiser para aquele ser... Não tem que educar e nem dar limite. Tô fora disso, por enquanto. E na hora de contar histórias ou músicas de ninar, posso mudar a letra (êêê). Nunca entendi porque todas as letras de músicas infantis são trágicas ou assustadoras: boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careca... Que triste! Mudei. A melodia é boa, então, virou: boi, boi, boi, boi bem bonitinho, pega esse leitinho e protege o meu soninho. Os contos de fadas também são todos inventados. Minha sobrinha gostou muito quando eu contei a ela um de improviso. Era uma vez uma fada chamada Alice, ela tinha o poder de fazer todos mudarem de cor ao tocar a pessoa... Então, ela tocou a mamãe que tinha uma cor meio bege e ficou rosinha, de tão feliz. Ela depois tocou o papai e esse, que era marrom, ficou laranja, tamanha a sua felicidade... E assim, todos iam ganhando cores vivas e alegres até formarem um lindo arco-íris. A música preferida dela na verdade, não tinha outro jeito, é baiana, de Ivete. "Comigo é na base do beijo, comigo é na base do amor".... Isso se balançando no colo e andando pela casa é o hit do momento, os olhinhos - ou no caso aqui - as butucas, brilham de curiosidade e entusiasmo com as novidades da vida.
Percebem como nasce uma tia-maluca-babona e feliz? Bem, essa sou eu. Aconselho a todos serem tios e tias. Ser mãe não é para qualquer uma... Tem que ter peito mesmo. Mas ser tia é tudo de bom. Quem não tiver irmã ou irmão, adotem um sobrinho e vocês vão ver o que é felicidade... E tudo o que é bom tem propaganda né? Então, vai lá: Mantinha para bebê: 65 reais. Sapatinho de crochê: 30 reais. Sua sobrinha dormindo agarrada à sua barriga: não tem preço.

domingo, 19 de julho de 2009

Ninfas e Lobas



Aos treze anos de idade, Marina despertava a libido dos meninos da escola com sua beleza inocente, inconsciente e inconseqüente. Não foi à toa que os gregos inventaram o mito das ninfas, para ressaltar a beleza do desabrochar de uma mulher. Na escola, as meninas queriam estar perto dela para pegar o rebote. Tudo o que ela dispensava, ou seja, os meninos feios, gordos, sardentos ou simplesmente chatos eram aproveitados pelas meninas menos fisicamente privilegiadas. Marina não namorava, mas ficava e com muitos, desde cedo. E para isso, ela podia escolher, os garotos vinham em fila como que fatalmente atraídos pela abelha rainha, rumo à morte – para meninos, o que significava a rejeição aguda e a frustração de egos em crescimento. Ela comentava com as amigas sobre a vítima da noite anterior:
- O Bruno até que é bonitinho, mas sei lá é meio sem graça, aguado, tem aqueles olhos azuis...é desengonçado e muito grudento....
- Ai ai....
As outras meninas suspiravam. Bruno era o menino mais bonito da escola, jogador de basquete, corpo escultural para um jovem de quinze anos, mas Marina esnobava, até que ele se jogasse a seus pés. Aí, ela dava bola para ele, só para depois, seduzir, sentir o gosto e jogar o menino na rua da amargura. A jovem ninfa, aprendiz de afrodite, nem se dava conta de seu poder de sedução, mas gostava de brincar de arrasar o coração e o ego dos meninos. E cresceu assim, entre desprezos e descobertas. Intimamente, ela não se achava tudo isso que os rapazes viam. O corpo era magro demais, os braços muito finos, as pernas enormes, o cabelo muito liso e o nariz grande demais. Mas todos ao redor discordavam, tanto homens quanto mulheres consideravam a menina uma linda espécie do sexo feminino em desenvolvimento. Ela tirava proveito da situação, mesmo que tivesse uma opinião diferente quando se via no reflexo do espelho. E debochava dos rapazes lindos e admirados, ou para se vingar de possíveis inimigas ou de possíveis inimigos.

...
Aos dezoito anos, Marina decidiu se entregar ao prazer, mas continuava imune à paixão e preferia mil vezes a companhia das amigas para as baladas do que a de um namorado fixo. E à medida em que Marina crescia, os homens faziam fila para terminar uma festa ao lado dela e exibir a beldade para todos.
Maria, mãe de Rafaela, melhor amiga de Marina, adotou a menina em São Paulo, já que a família não quis sair do sul. Marina, por sua vez, ficava bem junto das novas companhias e mesmo com idades diferentes, as três dividiam as mesmas questões e inseguranças. Maria estava recém divorciada, na faixa dos cinqüenta anos e já não podia perder tempo, então decidiu aproveitar a vida sem restrições. Mas ela ainda temia a vida de solteira, tinha amigas que se aventuravam em caminhos ainda pouco desbravados, faziam swing, freqüentavam clube das mulheres, experimentavam sexo homossexual e transavam com homens de todos os modelos. Mas Maria tinha seus pudores e queria ir com calma. Já a filha e a amiga eram bem mais liberais e aconselhavam:
- Eu se tivesse a sua experiência, com esse rosto bonito, esse corpinho de trinta e cinco ....com a sua idade, eu ia me divertir muito...
- Para com isso Marina. Vê se pode.. Maria ruborizava, mas no fundo concordava com a sabedoria da jovem mulher. Tinha tudo para conquistar corações ou simplesmente corpos, mas tinha medo. Medo da decepção, medo de se apaixonar e medo do julgamento das pessoas, da família e até do ex-marido. Para diminuir seus traumas, ela resolveu sair mais com mulheres solteiras da sua idade e ver como elas agiam.

...
Na primeira festa que foi com as amigas, observou o público alvo que ela dividiu em duas classes: os quarentões e os meninos. Estes ela descartava e o que restou, ela resolveu investir. A primeira conquista aconteceu no último minuto do segundo tempo e muito por causa do nível alcóolico de sua corrente sangüínea. Afinal, estava cheia de expectativas e não poderia voltar para casa frustrada. O homem, de seus quarenta e tantos, esbarrou nela e deixou cair toda a cerveja em sua roupa e Maria acabou caindo junto. O cara ficou tão sem jeito que fez de tudo para que ela não batesse nele.
Por favor, me desculpe, foi sem querer...
E Maria acabou puxando conversa:
- Você vem sempre aqui?
- Venho. Mas nunca te vi por aqui. Me perdoe, por favor.
- Deixe isso pra lá, acontece. Pois é, é a minha primeira vez...
Depois do diálogo introdutório, eles ficaram mais descontraídos:
- Eu adoro dançar e gostei muito daqui, das músicas, acho que vou voltar.
- Ë aqui é muito bom. Eu também gosto e devo voltar semana que vem...Quem sabe a gente se encontra?
- Seria bom...E terminou assim a sua primeira noite de divorciada.

...
Marina se confrontava pela primeira vez com o drama da vida, e descobria que não podia ter tudo só porque possuía a beleza, não sabia como lidar com aquilo, mas era preciso fazer algo. Apenas entrou e esperou para fazer uma cena das mais deploráveis. Maria decidiu não se envolver demais e ficou ali mesmo no jardim pensando na sorte daquela deusa mimada e estragada pela própria beleza. E pensou nela mesma. “como eu seria feliz se tivesse esse corpo... essa pele... esse rosto....” Ela olhava Marina e Rafaela de longe e pensava como a vida passava rápido e como ela pode ter se entregado tanto para um homem, seu marido, que não a havia valorizado. Bateu arrependimento, mas não desespero. Era uma mulher de fibra, que se orgulhava por saber como criar bem uma jovem com uma carreira tão difícil quanto promissora. Rafaela não cometeria os seus erros, essa era o seu consolo. Enquanto Maria pensava melancolicamente no destino, ela mal percebeu a presença de um belo jovem que descansava ao seu lado. O homem, interessado em algo mais do que um conselho de mulher mais velha, puxou conversa:
- Que loucura, né? Isso aqui hoje está demais. É celebridade para todos os lados e nós fotógrafos temos que passar por cada uma, somos uns otários mesmo, seguindo eles por todos os lados.... Aquelas meninas mal saíram das fraldas e já têm fama e dinheiro, dá pra entender?


DILEMAS DA VIDA MODERNA


Dinheiro, beleza, fama, notoriedade.... Valores que a sociedade atual preza como se fosse a salvação para todos os problemas. E, muitas vezes, são esses valores que atraem os problemas. Simplesmente, as pessoas aos poucos se distanciam da natureza, da simplicidade e se iludem com as informações das revistas, da televisão e acham que os famosos têm vidas perfeitas. Na verdade, são ilusões... As mulheres deste conto se confrontam com essas questões e chegam ao extremo para perceber que a felicidade é algo bem mais simples e possível.

Que tal pararmos de sonhar com o Brad Pitt ou o Leonardo Di Caprio e olharmos os nossos amigos, colegas de trabalho, vizinhos, gente que luta e sonha, que erra e acerta, que busca o autoconhecimento para tentar ser feliz. E que tal fazermos alguém feliz? Depois me contem o resultado.

domingo, 19 de abril de 2009

Recantos dos deuses


Dar ou Não Dar...

DAR OU NÃO DAR?

Regina, assustada, recebia no meio de uma reunião de professores, nas primeiras horas do dia, uma ligação que a preocupava. Letícia, sua filha de dezesseis anos, estava às voltas com uma questão muito delicada.
- Mãe, o que eu faço, o Juninho quer transar e eu não estou preparada...
- Filha, respirou, se você acha que ainda não está na hora, respeite o seu momento e tenha calma, afinal, vocês são jovens e têm a vida pela frente...
- Mas e se ele não quiser esperar e me trocar por outra...
- Aí, meu amor, sinto muito, mas ele não te merece...
Tudo era simples para Regina, uma experiente e bem casada professora de quarenta e dois anos. Lidar com adolescentes era sua especialidade, já que lecionava há mais de dez anos para essa delicada faixa etária. A questão da virgindade para ela foi mais fácil de resolver. Ela confidenciava às amigas:
- Gente, nem dá pra acreditar que eu me casei virgem e estou casada até agora com o mesmo homem.
As amigas menos afortunadas desabafavam.
- Você é uma mulher de sorte... Hoje em dia isso é muito raro. E sexo é uma parte importante da vida, sim. Acho que tem que conhecer antes para não ter choro depois...
Regina concordava, mas não sabia muito bem como resolver a questão dentro de casa, já que era a primeira vez que Letícia tinha um namorado fixo. Compartilhar o problema com o pai era uma hipótese inexistente. Mas Regina conhecia a maturidade da filha e resolveu confiar. Dias depois, a bronca e as lágrimas eram todas para a mãe, a culpada de tudo.
- Mãe, eu te odeio... Você disse que era para eu não transar e o Juninho arranjou outra namorada mais esperta que eu. Eu me odeio.
Diante de tamanho desespero, a mãe resolveu não contrariar, mas teve a impressão de que o caso ainda precisava ser estudado e trabalhado. Depois de grande relutância, as duas procuraram uma terapeuta especializada em sexualidade.
Roberta Soares era especialista na questão e atendia pessoas de todas as idades e para acalmar os ânimos, explicou para mãe e filha:
- Vocês podem ficar tranquilas, que não estão sozinhas.... Essa é a grande dúvida das mulheres modernas. Transar ou esperar o melhor momento? Essa é a grande questão.... Eu vou dar alguns exemplos sem especificar nomes para vocês entenderem. E isso não é um questionamento apenas de meninas da sua idade, mas de mulheres maduras e independentes também.
E começou...


...
Depois daquela sessão, Letícia se mostrou mais segura. Em casa ainda chorava muito a perda do primeiro namorado, mas na escola, fingia que não conhecia Juninho, o que deixava o rapaz desconcertado. Ela percebeu que ele evitava ficar com a nova namorada mais ousada perto dela e Letícia estava sempre linda e alegre. Ela resolveu esquecer Juninho de uma vez por todas e na próxima festa de aniversário, de uma amiga em comum, o jovem não agüentou de ciúmes, quando viu sua ex-namorada dançando com um outro menino. Ele olhou para ela com um ar furioso e quando teve a oportunidade, chamou Letícia para uma conversa particular.
- Você não perde tempo mesmo, não faz um mês que a gente terminou e já está dando bola para outro... Que papelão, só para me fazer ciúmes.
- Escuta aqui, Juninho, deixa de ser convencido, eu não quero nem saber de você. Eu fui trocada por outra e da pior forma possível, você foi um sacana, um insensível e eu vou procurar outro namorado sim que saiba esperar por mim.
- Poxa, Letícia, eu pensava que você gostava de mim...
- Eu gostava, mas o fato de não querer transar com você não tem nada a ver com não gostar de você... Tem a ver comigo, com os meus sentimentos e com a minha hora de transar. Eu ainda não estou preparada.
- Me desculpe.


...
Letícia, por sua vez, continuou namorando Juninho por vários meses, ele respeitou a decisão da namorada e parou de tentar levá-la para cama. Depois de um ano, era ela quem queria conhecer os mistérios e as delícias do sexo com amor:
- Amor, eu estou pronta, mas tem que ser muito especial.
Ele não acreditava no que ouvia e ficou radiante, empolgado e ao mesmo tempo nervoso. Era como se fosse a sua primeira vez também, mas ele queria que ela gostasse muito.
- Eu prometo que vai ser inesquecível.
Eles marcaram o dia. Regina levou a filha ao ginecologista e a médica explicou as formas de prevenção de doenças, ensinou como colocar a camisinha. Letícia estava muito nervosa e foi a mãe que acalmou a filha:
- Minha querida, não tenha medo, é natural e com amor, tudo fica muito bom.
- Mas não dói?
- Um pouquinho, mas não é nada insuportável e depois, fica melhor. O importante é relaxar.
- Mãe, me ajuda a escolher uma lingerie bem bonita.
Regina que achava que ficaria constrangida com essa experiência, estava na verdade muito feliz por dividir esse momento com Letícia. A mãe ajudou a filha e fez o último comentário:
- Olha, Letícia, mesmo se o Juninho pedir, insistir para não usar a camisinha, não faça isso, de jeito nenhum. Você promete?
- Prometo, mas eu tenho certeza que o Juninho não vai me pedir uma coisa dessas.

MORAL DA HISTÓRIA
O final eu não posso contar, se não estraga a surpresa, mas já adianto que é feliz.
Entramos no outono e eu fico me perguntando o que o conto tem a ver com essa estação fresca e calma. Acho que somos como a natureza, as folhas caem das árvores para que possam vir novos frutos, melhores e mais apetitosos. E na nossa história, a mãe teve que deixar suas folhas da sabedoria cairem para se aperfeiçoar e dar à filha uma nova oportunidade de ser sexualmente feliz. Os tempos mudaram, a idade para se começar essa experiência pode ter mudado, mas nós mulheres sempre encaramos o sexo como uma nova oportunidade de sermos felizes com uma outra pessoa. E isso não deixa de ser uma renovação e ao mesmo tempo um retorno à nossa inocência, ao romantismo, ao amor, à essência da vida. Fica aí o meu recadinho de outono para vocês. A palavra de ordem é RENOVAÇÃO.

sábado, 14 de março de 2009

Afrodite

DIÁRIOS DE AFRODITES

BRIGA DE CAHORRAS GRANDES

Andréa estava saindo de um relacionamento de cinco anos. Depois de todo o desgaste da separação, o sofrimento, a frustração, a descoberta de que o sonho acabou e sua porção Hera tinha sido esgotada, ela resolveu reagir. Afinal, ainda era uma bela mulher de trinta anos, corpinho de vinte e cinco. Se há males que vêm para o bem, a decepção fez com que ela perdesse os sete quilos inconvenientes que havia ganhado com o casamento. Agora, ela queria voltar a jogar o jogo da sedução. Tinha amigas que davam as dicas e a ensinavam todos os dias. Afrodites assumidas há mais de uma década, Renata e Amanda partiam corações sorrindo e ainda pisavam nos restos que sobravam. Eram mulheres maravilhosas, corpo moldado a horas de ginástica, comportamento prático, cabelos longos, loiros e castanhos, olhos penetrantes, estilo prático e objetivo. Quando o cara era lindo, carinhoso, romântico e rico elas investiam mais do que uma noite. Como isso era uma raridade, elas aproveitavam e se divertiam com os simplesmente gostosos. Não tinham urgência de se envolver, gostavam de sexo, podiam viver sem amor, mas não sem uma aventura. E para isso, era preciso uma boa lábia e uma boa língua. O comentário, no dia seguinte à conquista, no trabalho ou via internet era fatal, como uma flechada de Eros.
- O cara manda muito bem, gozei muito umas mil vezes.
....
Andréa decidiu sair com o mais bonito, o homem tinha a altura de um jogador de basquete, o peitoral de um lutador de vale tudo, os ombros de um nadador e as coxas de um jogador de futebol e ela pensou “Porque não jogar um partida com esse deus grego?” E não perdeu tempo. Naquela noite mesmo, sem pensar em regras, em sociedade, em machismos ou desilusões, ela resolveu aproveitar a liberdade de estar solteira. E driblou o medo da possibilidade de aquele belo homem ser um maníaco sexual ou a empolgação fatal de ser ele o homem de sua vida. Simplesmente foi para a casa dele, tudo bem que estava bêbada, ela pensou “um pouco de álcool não faz mal nenhum para o pavor”. E o medo inicial passou, ele foi carinhoso, cavalheiro, ofereceu café, sentaram-se confortavelmente no sofá, enquanto ele colocava um filme no DVD. Andréa só pensava em agarrar aquele pedaço de paraíso e levá-lo para cama, mas nada acontecia. Ela decidiu jogar no ataque. Começou a beijá-lo no pescoço e no ouvido. Ele se fez de durão no começo, mas não resistiu e retribuiu com mais beijos ardentes e Andréa começava a achar que tinha mesmo se dado bem. Depois dos beijos, carícias íntimas, a cama. Os dois já estavam bastante excitados, mas faltava alguma coisa, uma atitude mais masculina, uma pegada mais forte... Ela não quis se enveredar por áreas desconhecidas e permaneceu receptiva, sem tomar iniciativas. E ficou a ver navios, o ato sexual foi automático e rápido, não deu nem para sentir direito o peso do corpo dele, quanto mais um orgasmo. Ela estava frustrada e pensou : “Ou os homens não são mais os mesmos ou tem algo de errado comigo”, entrou em pânico. No dia seguinte, foi ter uma conversa com as amigas. Veio então, a explicação para o fiasco.- Andréa, homem para ser bom de cama tem que ter algum defeito. Não pode ser lindo, forte, inteligente e bem sucedido, tudo ao mesmo tempo, se não o defeito vai aparecer logo na cama. Você tem que achar algum defeito antes.
...
Há dias, Amanda e Renata só falavam de um curso de marketing como que estavam fazendo como aperfeiçoamento e de como o professor era lindo. As duas estavam enlouquecidas pelo homem e tinham convidado Andréa para assistir a uma aula. Ela aceitou. Estava pronta para a partida mais difícil de sua vida, enfrentar as amigas no mesmo páreo. Quando apareceu do nada no curso, as duas desconfiaram:
- Você não agüentou de curiosidade, né...? Seja bem vinda ao paraíso. Mas nós ainda não achamos o defeito...
Quando o homem apareceu, Andréa sabia que elas estavam falando de um outro tipo de homem, o tipo mais perigoso possível, o envolvente, aquele que prende a atenção pela inteligência, o humor aguçado e o jeito de falar, alegria e descontração. Um homem bem sucedido, bem vestido, bem humorado e bem dotado. Elas não tiravam os olhos dele, cada detalhe, cada comentário, elas riam, perguntavam, ouviam com atenção. E não perdiam a oportunidade de mostrar sorrisos largos, movimentos labiais, cruzadas de pernas à mostra, cabelos calculadamente jogados de um lado para o outro. As três estavam se divertindo com a disputa, mas aquela era uma competição acirrada e cada passo era dado com precisão e muita astúcia. Na hora do intervalo, as três foram tomar café e Amanda, rápida no gatilho, sentenciou:
- Vou ao banheiro.
As outras duas se entreolharam e no fundo sabiam que aquele seria um ataque silencioso, mas como se não tivessem percebido a intenção escrachada, elas concordaram:
- Não demora muito, se não a comida vai para o espaço.
Amanda não perdeu tempo, quando viu o professor, vestiu seu melhor sorriso, enterrou qualquer traço de timidez e cara de pau e partiu para o elogio.
- Nossa, eu estou impressionada, como me diverti numa aula que era para ser tão séria.
- Que bom, ganhei meu dia. Obrigada.
As duas amigas, de longe, perceberam o perigo daquela aproximação e resolveram empatar aquele jogo. Renata pegou um sanduíche e foram as duas interromper o papo que parecia estar indo longe demais.
- Amanda, aqui o seu sanduíche, estava acabando, por isso eu trouxe. Oi professor, que aula hein...
Andréa ia ficando para trás, mas resolveu mudar o rumo daquela prosa.
- Sabe aquele estudo de caso que o senhor apresentou?
O homem interrompeu, sério, o que deixou Andréa ainda mais apaixonada.
- Nada de senhor, imagine, pare com isso...
- Desculpe, é respeito... Mas, como eu ia dizendo, aquele estudo de caso que você apresentou eu já vivi na minha loja e eu nunca poderia imaginar que com um treinamento tão simples, poderia resolver a situação...
- Pois é, é possível, às vezes com uma conversa podemos resolver muitos problemas operacionais na empresa.
Renata e Amanda não estavam gostando nada daquela conversa paralela e resolveram jogar pesado.
- Antônio, você disse que é paulista, quanto tempo vai ficar no Rio?
- Só até o final de semana.
Amanda aproveitou o lance de Renata para chutar ao gol:
- Se você quiser, posso mostrar a minha loja, é a maior da rede de cosméticos Boticáriol. E lá eu posso te mostrar vários casos vitoriosos de estratégias de marketing... Fica no shopping Rio Sul, conhece?
- Conheço, se eu tiver tempo, passo por lá. Vamos, a aula já vai recomeçar.
Renata e Andréa fuzilaram Amanda com um olhar e a amiga teve que se explicar mais tarde no almoço.
- Gente, foi mais forte do que eu, vocês duas também ficavam só no blá blá blá aí eu decidi atacar e deu certo...
- Tudo bem, se você quer guerra, vai ter guerra.
....
No mês em que se comemora o Dia Internacional das mulheres, os trechos desse conto nos levam a reflexões sobre o relacionamento entre nós, seres do sexo feminino. A competividade das relações humanas chega aos extremos. Mas o fim do conto é bem poético e sugere um episódio do seriado Sex and the City, está no livro que em breve será publicado, mas adianto que se nós olhássemos para a nossa vida iremos reconhecer centenas de mulheres importantes e até mesmo imprescindíveis para a nossa caminhada. Quem é que nunca teve uma professora que nos inspirou um dia sermos mulheres independentes e elegantes? Ou uma amiga de infância que nos confidenciava suas aventuras românticas? Ou uma irmã que mesmo na convivência difícil do dia-a-dia, ouve suas histórias cheia de interesse? Uma mãe amorosa e paciente que te acolhe nos momentos mais difícies? Uma terapeuta que te coloca de novo nos trilhos da vida... Uma chefe que te impulsiona para o sucesso... Uma amiga que diz o quanto é sua companhia é especial... Pense na sensação de estar com essas pessoas... Os homens são importantes e queremos vocês bem perto, mas temos que começar a perceber o valor de ser e poder ter a companhia de uma mulher e deixar um pouco de lado essa sensação de que elas não são confiáveis. Nós mesmas à vezes despertamos esse sentimento nos homens e muitas vezes, sem querer, nos pegamos menosprezando o nosso próprio sexo.
Eu acredito nas mulheres como seres emotivos, sensíveis e delicados, mas também fortes, inteligentes, bem humorados, capazes de cair e levantar, e sobretudo Divinas.