sábado, 28 de novembro de 2009

RETRO 2009 - SHOWS





















Fim de ano. Começo de revisão. O que realizamos, o que deixamos de realizar. O que temos, obrigatoriamente, que deixar para o próximo ano. As boas decisões. Os aprendizados. Também as repetições!!! Bem, tudo muito profundo e complexo, né? Deixamos essa parte para os terapeutas, astrólogos e tarólogos. Até porque muita gente ansiosa quer saber, no papel, onde a vida emperra e onde ainda dá tempo de mudar. Acho tudo muito válido, mas vamos deixar para outro momento.

Todo jornalista adora uma retrospectiva. No trabalho, eu confesso que não tenho muito estímulo para olhar para trás, isso porque o jornalismo está muito apegado aos problemas. Desculpem, meus colegas, mas jornalista virou policial, investigador, juiz, professor. Tem, ou pensa que tem, conhecimento adquirido para analisar as mazelas da vida. E tudo isso, agora sem diploma! Eu prefiro olhar para o que de bom passou, ou como num bolero, olhar para as chegadas e partidas da vida em contemplação, sem desespero, dançando...


Justiça seja feita, esse ano também tive a oportunidade de apreciar- e muito graças ao meu trabalho como jornalista - vários espetáculos musicais, de variados gêneros e ritmos. A qualidade da música brasileira é algo assim que não dá para mensurar com palavras, basta comprar um CD, DVD ou ir a um show de nossos artistas mais consagrados, que todos vão entender o que estou falando. Eu adoro show, depois, como num ritual de fidelidade, geralmente compro o CD do artista para ficar com aquela melodia boa por muito tempo, até decorar as músicas e cansar os vizinhos...

Vamos à retrospectiva. Vou começar pelo primeiro do ano, Maria Rita. Admito que no início tinha um pouco de cisma com ela, por ser a cópia da mãe e pelo repertório meio down, dor de cotovelo, e mais uma vez, muito parecido com o de sua mãe. Mesmo assim, comprei seus dois discos e o segundo, de samba, é muito melhor do que o primeiro, então quando ela deu pinta na Tijuca, resolvi conferir pessoalmente. Minha primeira impressão foi por terra. Ela é uma artista esforçada, além da voz abençoada por Deus e a genética, sua presença de palco é adorável - não para de dançar um segundo - e generosa com o público, confessou "estava precisando de um show animado assim". Freud explica!

O segundo show foi uma daquelas repetições que a gente não se cansa. Lulu Santos, também aqui na Tijuca. Fico impressionada com Lulu, para mim ele é a nossa Madonna, consegue se renovar a cada show, continua com pique total com mais de sessenta, tem aquela voz doce e forte e tem um tesão de palco incrível. Nota 1000 sempre, em qualquer lugar e época do ano.

Depois veio uma grata surpresa: Vanessa da Mata. Eu não tinha CD, só conhecia suas músicas do rádio e das novelas, achava bom, mas não pudia imaginar que estava diante de uma senhora cantora e compositora. Aquele jeitinho brejeiro, meigo e aquela voz suavemente rouca no palco se unem a um vigor, uma força incrível, e eu tiro o chapéu para essa matogrossense. Suas letras são realmente contemporâneas e com uma dose inteligente de humor: "quando um homem tem uma mangueira no quintal, ele não é goiaba, deixe ele te mostrar, bom dia, boa tarde, no seu pomar..." Muito bom. Ela também faz letras de conscientização ambiental, tudo sem clichês ou tendência mercadológica. Comprei o CD e recomendo.


Outro repeteco do ano, e esse também não dá pra deixar passar, foi o grande encontro pela metade: Elba Ramalho e Geraldo Azevedo. Mas o 'pela metade' não quer dizer que a qualidade seja pior, acho até que diante desses dois, Zé Ramalho e Alceu Valença ficam demais. Elba é irradiante, madura, linda, exuberante, fica tão à vontade no palco que dá vontade de subir e dar um abraço, tirar fotos e dizer: "como eu te admiro, mulher!". O elogio seria para a artista e a mulher. Já viram o namorado dela? Sem comentários. Geraldinho é fofo e tem músicas tão lindas, me lembram meus tempos de Minas e me fazem chorar (como num bolero). Adoro Dia Branco, sei lá porque, acho que tem a ver com meus antepassados.

Os dois melhores deixei por último. Não consigo saber qual é melhor, mas vale a competição. Se alguém quiser me dá uma mão. Paulinho da Viola e Ney Matogrosso. Duro não? Paulinho da Viola é completo. Caetano e Chico que me perdoem, mas Paulinho tem tudo como artista: letras bonitas, românticas, melodias harmoniosas, atemporalidade, sensibilidade, e por aí vai. Mas mais do que isso, no fim do show o que se comenta não é o seu repertório belíssimo. Eu tenho seu último CD ao vivo que é primoroso. Mas o que se comenta é a sua generosidade e simplicidade. Um ser humano exemplar aliado à arte, dá Paulinho da Viola, inesquecível.
Ney Matogrosso é o homem mais sexy do planeta, pelo menos no palco. Seu show vale mais pela performance do que o repertório. Não que suas músicas sejam ruins, são ótimas, mas diante da presença do artista, elas ficam em segundo plano. Ney rebola, todo mundo sabe disso, mas ele não rebola de qualquer jeito, ele rebola te seduzindo... É incrível, ele deixa homens e mulheres agitados nas cadeiras!!! E sua roupa de paetês prateadas, em um determinado ponto do show, dão lugar a um espontâneo nu artísitico - ou quase isso - quando Ney tira tudo e fica só de tanguinha fio dental. Seu peitoral e sua atitude mostram que sensualidade está na autoestima, e não nos aparelhos das academias. Nenhum marombado supera Ney no questio 'de bem com o seu corpo e de bem com a vida'. Adorei.
Bem, esses foram os shows possíveis. Em 2010, quero ver os artistas que perdi neste ano. Para citar alguns: Maria Bethânia, Seu Jorge, Ivete Sangalo, Erasmo Carlos, quem sabe realizar o sonho de ver Chico Buarque... Aposto que serão muitas emoções, com ou sem Roberto.

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