domingo, 5 de dezembro de 2010

Filho de papel

Ele foi inseminado pela enorme vontade de expressar o que a mente já cansava de explorar. Eram muitas vidas, muitas situações inusitadas, irônicas, beirando ao ridículo. E, ao lado dessa vontade, ainda tinha os anseios, as expectativas, a procura pela tampa das panelas femininas, as almas masculinas, penadas ou gêmeas, que de fato pudessem satisfazer as necessidades internas, sejam quais fossem, dessas mulheres.

Então, ele foi sendo gerado pelo mais delicioso sabor da escrita, as possibilidades sem-fim da língua portuguesa de fazer vir ao mundo sonhos, ideias, situações caóticas que toda mulher já passou ou um dia vai passar. E as histórias foram vindo, uma a uma, de vários lugares... Vinham de situações contadas por amigas à beira de um ataque de nervos, de livros lidos, das minhas próprias experimentações no campo amoroso, do inconsciente coletivo e da mitologia.

As deusas gregas foram criadas há milânios, mas, pasmem, elas ainda estão presentes no nosso cotidiano. E isso me intrigou. Vamos fazer um teste: quem nunca conheceu uma mulher que sabe do seu poder de sedução, e seduz naturalmente, onde quer que ela esteja? Afrodite...

E você certamente conhece aquela mulher que só pensa em trabalho, e vê os homens como meros objetos de desejo sexual? Atenas... E a mãezona, aquela que larga tudo para ficar com a família? Deméter... Ah, e a esposa perfeita, que vive para providenciar tudo ao marido e fazer com que ele brilhe? Hera...

Todas essas mulheres vieram ao meu encontro e, unido a minha imaginação fértil a essas deusas incansáveis e complexas, saíram os contos. Eles foram nascendo aos poucos, de acordo com a vibração e os questionamentos do momento. Então, tem mulher que gosta de cafajeste, mulher que quer encontrar amor e sexo, mulher que quer se realizar profissionalmente e está se lixando pra ser mãe, mulher que deseja compartilhar a vida, mulher que quer liberdade, mulher que sonha em casar e construir família, mulher que sonha em comprar um belo apartamento.... Mulher que compete, mulher que afaga, mulher que luta, mulher que sucumbe, mulher que ama, mulher que prefere não amar.

Todas nós estamos nessas deusas, que saem das páginas para viverem livres nas mentes e corações dos leitores. A vocês, meus queridos, eu apresento o meu filho: Diários de Afrodites.

Dia: 11/12 - sábado
Horário: 19h
Local: Espaço Multifoco - Av. Mem de Sá, 126 - Lapa