sexta-feira, 26 de março de 2010

CONTEMPLAÇÕES DE UM DIA DE DELÍCIA


Toda Afrodite moderna tem sede de agito, ânsia por movimento, trabalho, correria, rotina. Eu mesma sempre achei que o certo é ocupar o máximo o tempo com coisas úteis: escrever, malhar, trabalhar, fazer um curso de Deus sabe o quê, e não parar... Acho que essa sociedade de consumo nos obriga a fazer mil coisas ao mesmo tempo porque se pararmos, vamos refletir, deixar para depois o que pode ser comprado hoje. E isso não interessa ao bolso de nenhum capitalista.

Mas ideologias à parte, resolvi deixar a  culpa de lado e tirar um dia de folga no meio da semana. Isso mesmo, folga de tudo. Afazeres domésticos, preocupações, planos para o futuro, cursos, internet e até a academia. Não queria provar uma teoria, mas acabei comprovando que o ócio é mesmo uma bela inspiração para criarmos. Se não, vejamos....

Comecei o dia fazendo compras de supermercado. Isso não teria a menor graça no meu "Dia de Delícia" - roubando o jargão da Leila, uma amiga minha - se as compras tivessem sido feitas com pressa e de lista em punho. Nada disso. Hoje foi tudo lento, dentro da boa e velha "baianidade", planejando calmamente e meticulosamente as calorias para o meu fim de semana. Tudo muito bom.

De lá, segui para a vagabundagem, ou melhor, rumo ao descompromisso, ou melhor ainda, gozando da liberdade que todos deveríamos ter! Fui ao Centro comprar a lâmpada do Aladin. Deixa explicar, essas lâmpadazinhas quase minúsculas que se coloca nos iluminadores para câmeras, dando vazão ao meu atual hobby - aprender a filmar tudo e todos com um olhar meu. Mas isso é conversa para outra postagem. Voltamos ao ócio contemplativo. No caminho do achado, outro "achadinho" - parafraseando o blog da minha amiga Raphaella Avena - encontrei uma bolsa de viagem, badulaques e apetrechos para carregar a parafernália eletrônica da minha nova paixão.

Depois, resolvi ver o que estava rolando no Odeon. Sabe, era fim de tarde, o metrô estaria lotado, então... Lá vou eu me justificar! Achei que estaria passando o filme argentino "O Segredo dos seus olhos" - aquele que ganhou Oscar de melhor estrangeiro - mas não, era um brasileiro, meio argentino: "Histórias de Amor duram apenas 90 minutos". Isso porque o Odeon é igual loja popular em liquidação, se o filme que você quer ver estiver passando lá, corre, se não acontece o que aconteceu comigo... Mas tudo bem, gosto do Paulo Halm - que foi roteirista dos filmes da Sandra Werneck: "Pequeno Dicionário Amoroso" e "Amores possíveis" - então, comprei o ingresso. Mas havia duas horas de bobeira antes da próxima sessão.

Bem, ali ao lado tinha uma feirinha de roupas e acessórios. E como diz a minha amiga Julieta, não prestou! Sabe o que eu gosto nessas feirinhas? É que elas te dão a chance de conversar, bater papo com os vendedores, que normalmente fazem os próprio modelitos e vendem com aquele prazer de quem criou a peça. Dá gosto! Além, é claro, do bolso que agradece. Isso em dias possíveis de temperaturas amenas de outono, óbvio!!! Comprei três saias bem na tendência (tomara que seja!) por apenas 50 reais. Na barraca ao lado, tinha bijou. Fiz a festa! Claro que essa experiência só pode ser feita com tempo de sobra porque a pessoa tem que experimentar TUDO, se não, cai na bobagem de comprar uma aberração fashion que nunca vai sair do armário. Saí de lá me amando... 

O ócio estava indo de vento em popa e ainda faltavam 40 minutos. Então, entrei no Odeon e saí vagando pelos corredores. Cheguei ao segundo andar e achei a mais nova locadora fo grupo Estação funcionando lá dentro. Fucei todas as prateleiras e descobri uma coleção de Bergman que faria meu amigo Thiago delirar! Fiquei imaginando qual dos filmes ele me aconselharia... "Sétimo Selo"? "Morangos Silvestres"? Ahh descobri também que os recentes "Julie e Júlia" e "Coco antes de Chanel" já saíram em DVD, vai aí a dica.

Entrei no café ao lado e o garçom demorava horrores para me atender. Mas fiquei quietinha, feliz, contemplando aquele momento. Do cardápio pedi croissant de queijo Brie com Damasco e me lembrei de Adriana, outra amiga e de sua companhia sempre radiante. Com essa sensação boa, surgiu uma poesia... Peguei um guardanapo e escrevi, chama-se Quietude e está bem aqui ao lado para dar o tom desse dia tão rico de nada e tudo ao mesmo tempo.

Finalmente entrei para o cinema. O filme, para a minha surpresa, é MUITO BOM. Comecei desconfiada, achando que Halm estava entregando o ouro de roteirista para o público na sua primeira experiência como diretor. Mas desencanei e curti a história, os enquadramentos maravilhosos, as situações ridículas que rodeam todos aqueles que amam, já amaram ou um dia amarão. Ahhhh, nesse filme as mulheres vão à forra com os machões, o personagem de Caio Blat sente no couro (para não dizer naquele lugar), o que nós fazemos às vezes para agradar um homem. Nem adianta que não vou contar, tem que ver o filme.

Bem, o meu dia de bobeira termina com saldo positivo: esta postagem, mais a poesia e as lembranças de um bom filme e uma boa companhia. Experimentem!!!

Beijos

3 comentários:

  1. Paulinha, seu dia de delícia me inspirou! Vou fazer só coisa de mulher hoje...salão, comprinhas, lanche no Marieta...beijos!

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  2. Paulinha,
    Seu dia de delícia foi realmente uma delícia! As vezes é muito bom sairmos com apenas a nossa própria companhia. Mas não chame esse dia maravilhoso de ócio. Pra mim vc fez até coisas demais. rsrs
    Do jeito que estou, meu dia de delícia que seria de ócio: se eu pudesse, só ia fazer dormir. rsrs
    Adorei seu artigo e seu blog.
    Estou curiosa para ver as saias, as bijus e ler a poesia.
    Beijos
    Mel

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  3. Paula! Nem acredito que, navegando aqui, linkando dali, cheguei aqui e tive esta surpresa: te encontrar. Um bj grande. Que 2010 tenha vários dias como este.
    Bjs
    Liene

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